Basta um atleta tupiniquim se destacar, ganhar uma medalha ou prêmio que lá vai uma equipe de reportagem mostrar a infância sofrida, a família humilde, lutando contra tudo e contra todos. Ao final da cena, uma ou duas lágrimas.
Esta é a receita do sucesso.
É como se diretores, redatores e repórteres não soubessem tratar a coisa de outra maneira. Qualquer fato da vida real que mostre sofrimento, angústia ou desespero alavanca os índices de audiência e garante o emprego de uma cambada imediatista que usa respeito como figura de retórica.
O (desculpe o chavão) sangue, o suor e as lágrimas da verdade cotidiana de corações e mentes comuns inundam o repertório de imagens sem conteúdo, que tenta por descuido ou incompetência, transformar algo duro, cruel e latente em espaço para o patrocinador.
É como se diretores, redatores e repórteres não soubessem tratar a coisa de outra maneira. Qualquer fato da vida real que mostre sofrimento, angústia ou desespero alavanca os índices de audiência e garante o emprego de uma cambada imediatista que usa respeito como figura de retórica.
O (desculpe o chavão) sangue, o suor e as lágrimas da verdade cotidiana de corações e mentes comuns inundam o repertório de imagens sem conteúdo, que tenta por descuido ou incompetência, transformar algo duro, cruel e latente em espaço para o patrocinador.
Que essas palavras de crítica não sejam confundidas com um apelo a censura. Nunca! Jamais! Em tempo algum! Isola, pé de pato, mangalô, três vezes. Isso não volta mais. Mas infelizmente, a falta de censura é confundida com falta de escrúpulos. Nossa mídia confunde emoção com deslumbramento, irracionalidade com liberdade de imprensa, violência banal e gratuita com “jornalismo verdade”.
Somente para efeito de ilustração: as entrevistas nas páginas coloridas de uma revista semanal custam em média R$ 35 mil. Mostrar a casa e a cara numa outra revista colorida e descartável vale R$ 30 mil e pode ser pago em até 12 vezes. Até ano passado conseguir uma entrevista com um apresentador, um apresentador de peso, valia qualquer coisa a partir de R$ 16 mil. Cantar em um programa dominical de uma rede de TV já foi mais caro. Hoje por R$ 6 mil canta-se no palco de um deles.
Parece censura, e é.
Preciso me reciclar.
Preciso me reciclar.
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