sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Eu fui



“Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos, tempo tempo tempo tempo...” Trechinho inicial da canção ‘Oração do Tempo’, do mano Caê, que não é meu irmão, mas é como se fosse, de tanto que gosto do cara. Mas quero a deixa do tempo da citação.
Tempo.

Fui ao Rock in Rio, versão 2011.


Depois de 26 anos e três filhos. Fui com eles, inclusive.
Em 1985 fui em dois dos 10 dias do festival. Lembro que cantei junto com Ivan Lins, Al Jerreau e James Taylor. Lembro também que fingi que cantei com Jon Anderson, do Yes.

Mas esse carrossel do tempo, o ‘compositor de destinos’, fez das suas. Em 1985 havia lama e soldado, como agora. Havia bebida cara e comida ruim, como agora. Havia fila. Muita. Como agora. O que mudou então?

Mudou que este ano uma empresa distribuía uma cadeirinha de plástico, uma bóia de piscina vermelha e deselegante, que ocupava o democrático espaço destinado a cangas e toalhas. Uma cadeirinha feia dessas ocupava o lugar de três pessoas. Uma outra empresa distribuía uma outra bóia feia, num formato estranho que lembrava um microfone. Para conquistá-lo, além da fila de hora e meia, o ‘roqueiro’ tinha que dublar segurando uma outra bóia feia, formato guitarra, um clipe qualquer de uma banda qualquer. Mas antes tinham que assinar um documento permitindo a utilização da imagem capturada.

Este ano tentaram proibir a galera de trazer comidinhas, biscoitinhos e bebidinhas para a festa. Tudo para não prejudicar os parceiros das registradoras patrocinadoras. Mas isso não deu certo. A incompetência e o despreparo gerou filas e - viva! - o bom senso prevaleceu.
Liberaram.

Havia muitas lojas. De grife, institucionais, multinacionais. Muitas. Feias, pequenas, bonitas, grandes. A ‘Cidade do Rock’ era uma espécie de quermesse eletrônica, com bola na lata e pescaria. Muita tecnologia, telões e interatividade. Muitos colegas fazendo matérias ‘ao vivo’, no meio da turba. Muitos colegas dirigindo a turba para esquentar suas matérias. Muito TP para sinalizar os ‘cacos’ e muita gente feliz, como eu.
Tinha Stevie Wonder, Marcelo D2, Lenny Kravitz, Frejat, Coldplay e Guns N' Roses

Quer saber?

Não mudou muita coisa.

O dia nasceu feliz.

E como em 2013 tem mais, por que não juntar Green Day, Chico Buarque e Pink Floyd? Pode dar certo...

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Festivais de Cultura






Um velho e louco poeta carioca chamado Zé Marcelo, amigo e parceiro calejado nas descobertas do certo e do errado, do bonito e do feio, sempre repetia, principalmente naquela fase colóide entre o 12º e 18º chope, que “cultura é tudo aquilo que te toca ou se toca”.
Não deve ser verdade, uma vez que o Zé não é velho nem carioca. Mas o cara entende de música. Foi criado entre tamborins e tamboretes; entre violões e variações; entre claves de sol e inclinações musicais. E o cara sempre teve bom gosto (com música e com amigos, graças a Deus!)

Mas o Zé dizia – e isso era o que ele mais fazia - que quando falamos em cultura, temos que pensar em um espaço para realização da cidadania, mais ainda, como ferramenta de superação da exclusão social, seja pelo reforço da auto-estima, ou no potencial de inclusão sócio-econômica que só as manifestações artísticas-culturais têm.

Mas ao longo destes pouco mais de 150 anos, o poder público ubaense restringiu sua ação no campo cultural quase que exclusivamente como promotor de eventos e distribuidor de incentivos fiscais. Abdicamos do papel de promover políticas de fomento cultural ou mesmo da industria cultural, nos campos da música e das artes. Essa realidade começa a ser diferente. Começamos a usar e abusar do espírito público, tão comum a nossa gente e mudar o rumo do bonde da história, afinal os festivais de música voltaram!

E ainda tem gente que acha que não existia mais espaço para festivais nos moldes do FUMP. Gente que acha que a indústria cultural - comprometida com formadores de opinião da ordem de Huck e Faustão - acabou com a beleza da MPB.  Mas o festival voltou.  E trouxe letras que fizeram um convite ao desfrute. Doses generosas de Dusek  e João Bosco, pitadas de Toquinho e Almir Sater. Influencias de Oswaldo Montenegro tocando no clube da esquina.

Meu amigo Zé Marcelo  - sempre que está tocando -  chora. Acho que de raiva. Ou de saudade. Ou dos dois. Saudade por que ele sempre canta músicas de festivais; Raiva pelo mesmo motivo: saudade dos festivais que faziam a minha cabeça. Festivais de cultura, de contra-cultura, de torcida, celeiro de bambas. Mas agora, menos mal, temos nosso festival. E já na terceira edição. O clima de “onde se vai uma canção vai atrás” estará de volta, em novembro. Que venha!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Uma história militar


O tenente da rua do bairro Peluso, o Pedro Batalha, era dono de um rancho próximo à rua de trás, atual Santa Cruz, na beira de um córrego sem nome que cortava a cidade vindo dos lados do Mangueiras. De sua propriedade brotava a água que abastecia o largo da igreja e a rua da União, ex Caxangá e atual coronel Júlio Soares. Este sistema foi inaugurado em 1886 por um tal Luiz Gonçalves Fontes, que nem rua tem.
        Mas esse nome -  Batalha  - vem de longe.
      Após a renúncia de Pedro I - em 1831, uma onda de loucura política e econômica desestabilizou o país. Assim que o regente Feijó tomou posse, várias províncias revoltaram-se. A história de todas elas foi parecida: grupos de liberais com ideais republicanos conseguia tomar o poder por algum período. Os conservadores reagiam com tropas legalistas e retomavam o controle. Tudo em dois, três meses.  A única que se prolongou por mais tempo – 10 anos, foi a Farroupilha, no Rio Grande do Sul.
        Nas Gerais, a Revolução Liberal de 1842 começou em Barbacena, dia 10 de junho, e terminou em 20 de agosto, em Sabará. Era um movimento político. De Barbacena partiram os primeiros impulsos revolucionários. De cara cortaram as comunicações com o Rio de Janeiro colocando abaixo uma ponte sobre o rio Paraibuna. Queluz  - atual Conselheiro Lafaiete, que era a porta de entrada à capital mineira, Ouro Preto, foi tomada a 13 de junho. Diversos municípios reconheceram o tenente-coronel José Pinto, o famoso barão de Cocais, como presidente interino da província.
        A situação se agravou quando alguns militares aderiram aos rebeldes. De Queluz, José Pinto passou a São João del Rei, mas cometeu o erro de não avançar sobre a capital mineira. Politicamente, receberam a adesão do ex-deputado Teófilo Ottoni, que partindo do Rio de Janeiro, chegou a Minas sob disfarce e com documentos falsificados. Sua chegada ajudou a espalhar o boato de que os farrapos, comandados por David Canabarro, apareceriam a qualquer momento para engrossar as fileiras dos revolucionários.
        A pendenga pegou pra valer em 6 de agosto, quando os insurretos quase tomaram Ouro Preto. Os planos foram mudados e os revolucionários seguiram para Sabará. Lá enfrentam o barão de Caxias, que depois viraria duque e nome de cidade. Caxias, que tinha derrotado Bento Gonçalves e seus farrapos, levou a melhor e os líderes foram presos.
Na região de Ubá o conflito chegou dia 25 de junho. Os revolucionários, liderados pelo coronel Nezinho Pereira, atacaram e foram atacados por uma coluna legalista chefiada pelo tenente coronel Francisco Ataíde, que viria a ser o primeiro presidente da Câmara de Ubá, que ainda era vila em 1853. Morreu gente dos dois lados. Os revolucionários bateram em retirada, rumo a Santo Antônio do Paraibuna, que desde 1856 é conhecida como Juiz de Fora. Juiz de Fora, desde sempre, tinha vocação para paradas estratégicas.
O sobrenome Batalha surgiu quando o pai de Pedro, Manoel José de Souza, veterano legalista da luta de 1842, incorporou o apelido ao nome.  O Manoel da batalha virou Mané Batalha. Em maio de 1920, o filho dele, Pedro, é obrigado pelo prefeito Júlio Soares a retirar seu rancho de cavalos do perímetro urbano. Em troca obtém isenção de impostos municipais e vira tenete. Neste ano houve censo geral no Brasil. Éramos pouco mais de 30 milhões. Basicamente um país de mendigos, industriais, fazendeiros, desempregados, comerciantes e operários, todos trabalhando para fazer deste o país do futuro. Era presidente Epitácio Pessoa, o primeiro que recebe um empréstimo americano: 50 milhões de dólares. Era o começo do fim, digo, fmi.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Certos mineiros - II

Paulo Hugo Morais Sobrinho, o  Paulinho Pedra Azul, é um cantor, poeta, artista plástico e compositor brasileiro nascido em Pedra Azul, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, no dia 3 de agosto de 1954.

Com um estilo que varia do romântico à MPB, fortemente influenciada pelo Clube da Esquina, e com algumas composições de chorinhos, Paulinho tem diversos discos gravados, a maioria deles independentes. É também autor de  telas a óleo e acrílico e de 15 livros, dentre eles “Delírio Habanero - Pequeno Diário em Cuba”, escrito durante visita à ilha de Fidel Castro.
Apesar de não ser um constante freqüentador da mídia de massa, Paulinho consegue ser conhecido por um segmento específico que envolve principalmente formadores de opinião. 
Pesquisa feita pela AMAR (Associação de Músicos, Arranjadores e Regentes), o destacou como o segundo cantor mais conhecido de Minas Gerais, perdendo apenas para Milton Nascimento.
A sua canção mais conhecida é "Jardim da Fantasia", que, segundo o próprio Paulinho, á apelidada de Bem-te-vi. Uma canção de despedida...

"Bem te vi, bem te vi
Andar por um jardim em flor
Chamando os bichos de amor
Tua boca pingava mel
Bem te quis, bem te quis
E ainda quero muito mais
Maior que a imensidão da paz
Bem maior que o sol
Onde estás?
Nas nuvens ou na insensatez
Me beije só mais uma vez
Depois volte prá lá."

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Certas canções


Tenho várias canções em minha trilha sonora. Uma especial: “Equatorial”, dos Borges e do Beto. Quando escutava voltava no tempo. Tempo de mim. Tempo em que vivia no Rio, de janeiro a janeiro pegando onda, como se isso fosse a coisa mais importante a fazer. 

“Equatorial” fazia isso comigo. Sempre acontecia. Mas sempre não é todo dia. Agora não acontece mais. “Equatorial” será sempre a canção tema da saudade de meu pai. Nem sei bem por que.Talvez seja pela lembrança de quando vivia com ele. Talvez não. Só sei que senti uma vontade maluca de escutar “Equatorial” hoje. 


Uma vontade que chegou como se fossem as ondas do Leme ou das lembranças necessárias. 

Meu pai era muito. Era muitos. Era todos. Provedor, brigador, defensor e brincalhão. Fez do Rio sua cidade, de Botafogo seu domínio e do América seu clube do coração. Fez de mim o que sou. 

Quando nasci meu pai já o era de três meninas do Brasil. Durante minha adolescência era a autoridade sem porrada, sem grito, na palavra, no exemplo. Viveu uma vida sem muitos problemas. Nunca o vi preocupado, desgastado, desapontado. Era divertido. O som de sua risada era sinal de liberdade, de cumplicidade, de paciência, de relação. Isso me fez pensar que fiz o que quis de minha vida. Besteira. Tornei-me o que ele forjou. 

Sou sua estante de livros, sua roda de amigos, sua caminhada na praia, sua cerveja gelada, seu vinho tinto seco. Sou sua mesa de trabalho arrumada, suas canções que falam de Brasil e de mundo. Sou sua paixão por Van Gogh, Nietzsche e Luis Gonzaga, sou sua tuba na Filarmônica e seu discurso em latim. Mas apenas um pedaço pequeno disso tudo. 

Ele me ensinou que ainda falta muito para tornar-me a pessoa que quero ser. Tenho que ter paciência.

Minha estúpida cabeça de poeta é mesmo assim, quando soam os sinos, voam os pombos dentro de mim. 

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A lição sabemos de cor


Nossa cidade é um conjunto de coisas e todas essas coisas se relacionam. Existe equilíbrio em alguns pontos e desequilíbrio em outros. A cidade é parte do município que também tem a sua zona rural e está dentro de uma bacia hidrográfica, que é a região servida pelos rios e córregos. Tudo isso faz parte de um ecossistema.

No Brasil essa causa sempre rendeu seminários, teses de mestrado, passeatas estudantis, engajamento de ONG’s e até um partido político.
Ubá também tem seminários, ONG ecologicamente correta e até representante político do Partido Verde. Tem até o “Dia da Manga Ubá”. Só não tem o dia do lixo urbano, o dia da despoluição sonora e principalmente, o dia da cidadania, que deveria ter um dia todo dia.

Olhando em volta, respirando fundo, ninguém seria capaz de achar que estamos bem. Todos gostaríamos que a paisagem fosse limpa e equilibrada, mas na verdade convivemos com uma degradação ambiental avassaladora, contínua, cruel, que transforma todos nós em agentes dessa destruição. Crescimento desordenado, ocupação das encostas, destruição dos mananciais, córregos transformados em escoadouro de esgoto “in natura”, trânsito ruim, caminhões e suas toneladas nas ruelas de bairros e do centro, carga e descarga sem regras ou horários e outros transtornos urbanos.

Desde a Miragaia, o Rio Ubá peleja e luta para continuar vivo, ou quase isso. Paradoxalmente, o que mantém seu movimento lento, grosso, com estranhas cores e cheiros, é o que o mata: o esgoto, bombeado através de aproximadas 30.000 válvulas de descarga doméstica. A cada descarga, algo próximo a 10 litros de água é despejado no rio, levando junto toda sorte de dejetos. Imagine uma média de 10 descargas/dia por válvula. Seriam três milhões de litros de água injetados diretamente no rio. Esse volume é que mantém o rio seguindo seu leito, do contrário, ele se transformaria numa poça escura e fétida. Isso sem contar o descuido e o descaso, tão nocivos quanto o esgoto.

O modelo de preservação que vigora em Ubá é o modelo imediatista e neoliberal que diz assim: “preservar essa área pra que? Vamos construir um novo bairro que ai vai ter casa pra todo mundo”. Mas não precisa ser em área de nascente, de mata, de encosta, área de risco, sem qualquer infra-estrutura.
O modelo atual diz também: “não interessa se tal fábrica polui. O importante são os empregos que ela gera.” É uma prática suicida porque tenta sobreviver em cima das feridas que cria. O modelo faz ameaças usando as fraquezas da sociedade. O mesmo modelo que hoje polui, amanhã estará vendendo filtros contra poluição. A mesma empresa que vende o agrotóxico, vende o remédio para o câncer que o agrotóxico causa. E as autoridades esquecem de uma coisinha básica: saneamento, reciclagem de lixo, reflorestamento também geram empregos, renda e qualidade de vida.

Se quisermos ser uma sociedade justa, igualitária, digna para todos, não podemos aceitar os argumentos e muito menos utilizar os métodos vigentes. Para limpar a nossa cidade demanda tempo, mas tem que haver um começo, não só pela de sobrevivência do meio ambiente, mas também pela sobrevivência dos nossos sonhos.

Certos Mineiros

:"Fracassei em tudo o que tentei na vida.
Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.
Tentei salvar os índios, não consegui.
Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.
Mas os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu"


Darcy Ribeiro nasceu em Montes Claros em outubro de 1922. Formou-se em Antropologia em São Paulo (1946) e dedicou seus primeiros anos de vida profissional ao estudo dos índios do Pantanal, do Brasil Central e da Amazônia (1946/1956). Neste período fundou o Museu do Índio e estabeleceu os princípios ecológicos da criação do Parque Indígena do Xingu.
Dedicou-se à educação primária e superior. Criou a Universidade de Brasília, de que foi o primeiro Reitor, e foi Ministro da Educação, no Gabinete Hermes Lima. Mais tarde, foi Ministro-Chefe da Casa Civil de João Goulart e coordenava a implantação das reformas estruturais quando sucedeu o golpe militar de 64, que o lançou no exílio.

Exilado, viveu em vários países da América Latina, onde conduziu programas de reforma universitária, com base nas idéias que defende em A Universidade Necessária. Foi assessor do presidente Salvador Allende, no Chile, e de Velasco Alvarado, no Peru. Recebeu ainda títulos de Doutor Honoris Causa da Sorbonne, da Universidade de Copenhague, da Universidade da República do Uruguai e da Universidade Central da Venezuela.
Retornando ao Brasil voltou a dedicar-se à educação e à política. Elegeu-se Vice-Governador do Estado do Rio de Janeiro (1982), foi Secretário da Cultura e Coordenador do Programa Especial de Educação, com o encargo de implantar 500 CIEPs, que são escolas de turno completo para crianças e adolescentes. Criou, então, a Biblioteca Pública Estadual, a Casa França-Brasil, a Casa Laura Alvim, o Centro Infantil de Cultura de Ipanema e o Sambódromo, em que colocou 200 salas de aula para fazê-lo funcionar também como uma enorme escola primária.

Contava entre suas façanhas maiores haver contribuído para o tombamento de 96 quilômetros de praias e encostas, além de mais de mil casas do Rio antigo. Colaborou na criação do Memorial da América Latina, edificado em São Paulo com projeto de Oscar Niemeyer.

Elegeu-se Senador da República (1991), função que exerceu defendendo projetos, entre eles uma lei de trânsito para proteger os pedestres contra a selvageria dos motoristas; uma lei dos transplantes que, invertendo as regras vigentes, torna possível usar órgãos dos mortos para salvar os vivos; uma lei contra o uso vicioso da cola de sapateiro que envenena e mata milhares de crianças. Elaborou e fez aprovar no Senado e enviar à Câmara dos Deputados a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, sancionada pelo Presidente da República em 20 de dezembro de 1996 como Lei Darcy Ribeiro.

Entre 1991 e 1992, planejou e fundou, em Campos, no Rio de Janeiro, a Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF (1994), com a ambição de ser uma Universidade do Terceiro Milênio. Durante a Conferência Mundial do Meio Ambiente - ECO 92 - realizada no Rio de Janeiro, em 1992, implantou o Parque Floresta da Pedra Branca, numa área de 12000 hectares, para se tornar a maior floresta urbana do mundo.

Ainda no exílio, começou a escrever os romances Maíra e O Mulo e, já no Brasil, escreveu dois outros: Utopia Selvagem e Migo. Publicou Aos Trancos e Barrancos, o melhor livro do Brasil, um balanço crítico da história brasileira de 1900 a 1980. Em 1992 foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras.

Darcy Ribeiro faleceu em 17 de fevereiro de 1997. No seu último ano de vida, dedicou-se especialmente a organizar a Universidade Aberta do Brasil, com cursos de educação a distância, para funcionar a partir de 1997, e a Escola Normal Superior, para a formação de professores de 1º grau. Organizou a Fundação Darcy Ribeiro, instituída por ele em janeiro de 1996, com sede própria, localizada em sua antiga residência em Copacabana, com o objetivo de manter sua obra viva e elaborar projetos nas áreas educacional e cultural. Um de seus últimos projetos lançado publicamente, foi o Projeto Caboclo, destinado ao povo da floresta amazônica.

"... termino essa minha vida exausto de viver, mas querendo ainda mais vida, mais amor, mais travessuras. A você que fica aí inútil, vivendo essa vida insossa, só digo: - Coragem! mais vale errar se arrebentando do preparar-se para nada. O único clamor da vida é por mais vida bem vivida. Essa é, aqui e agora, a nossa parte. Depois seremos matéria cósmica. Apagados minerais. Para sempre mortos."