Se você prestar bem atenção perceberá que você está muito diferente da foto que está na sua carteira de identidade.
Certos traços perderam-se no tempo. E à medida que ele - o tempo - , passa, a carteira vai ficando cada vez mais restrita a um mínimo público.
Boa parte da culpa pelo descontentamento vem da tecnologia. Máquinas e profissionais não ajudavam. O fundo branco, feito de pano nem sempre impecável, um paletó comunitário e, acreditem, até um batonzinho básico coletivo estavam à mão.
Nada de photoshop, nada de retoques. Era só ficar na posição, levantar o ombro, ficar parado esperando o flash e pronto! Seu mico está registrado para sempre nos seus documentos mais importantes.
Na minha mão agora a foto do meu primeiro passaporte. Tirei quando morava no Rio. A foto foi tirada no verão de 1985. Quando tinha que apresentá-lo, os caras queriam saber onde está aquele moreno da foto. Às vezes era embaraçoso.
Mas comparando fotos antigas de documentos percebemos que os rostos mudam. A gente cresce, é lógico, e a forma do rosto que já foi mais afinada está mais saliente agora. Os cabelos eram fartos, cheios, encaracolados. Hoje, na moda, chapado, dourado. O tempo passou deixando suas marcas gravadas no corpo. Mudamos, envelhecemos e modificamos. Mudamos também o pensar, o sentir, o falar. As marcas do tempo nos fazem sentirmos vivos.
Saque sua carteira de identidade e apresente aos amigos. Mostre que você viveu, vive. Seu cabelo mudou, suas bochechas cresceram, o pescoço sumiu! É. O tempo fez bem. Consideravelmente estamos mais bonitos. Podemos perceber, e isso graças aquele instante que ficou registrado naquele pequeno estúdio de fotografias 3x4, que viver vale muito a pena. Vez por outra vem a certeza que crianças somos a vida inteira, o que muda é o preço dos brinquedos.
Bem, de fato, rss
ResponderExcluirMinha carteira de identidade náo diz que sou eu,
a julgar pela foto.
Parece que, décadas depois, melhorei muito.
Posso dizer que sou muito mais fotogënica hoje
em dia, graças ao altíssimo!
hehehe