quarta-feira, 6 de julho de 2011

Violência do jeito que se sente

    O que você mudaria na sua vida?

    Com que você anda convivendo e não agüenta mais?
Vamos lá... Faça um esforço. Deve haver muita coisa errada a seu redor e você nem da conta. Os arrependimentos não entram nas estatísticas. Nem os vacilos. “Ah, se eu tivesse escutado meu pai...  Se  eu tivesse casado com ela. A terceira fortuna do estado...  Devia ter feito vestibular para biblioteconomia. Hoje estaria tranqüilo...  Se eu tivesse ido. Se não tivesse...”
Nossas acomodações ficam na maioria das vezes exclusivas do público interno.      
    Sofremos calados.
Esta semana tive mais uma prova de que  não estamos neste planeta a passeio. Isso não é bem uma viagem de férias. Tudo vem, passa por nós e se vai. Tudo e todos que amamos se vão. Cedo ou tarde.

    Perdi um amigo esta semana. 37 anos.
    Não nos víamos a cinco.
    Nesse tempo deixamos de nos encontrar em casamentos, aniversários, festas, festas e outras festas. Tinha um filho da idade de um dos meus, cinco anos.  Fui ao enterro. Viajei mais de oito horas. Fico pensando se ele me ligasse convidando para uma pelada ou um churrasco. Será que eu despencaria de Ubá a São Lourenço? Com certeza não iria.      

    Ele vivia em São Lourenço, vivia me convidando, nunca fui.
  Queria, profundamente, mudar isso. Não é possível. Despedi-me de um amigo chorando muito, arrebentado por dentro, arrependido por não ter sido menos burocrático. Menos acomodado. Menos mesquinho. Menos normal.
    
    Fui enterra-lo sem ter sido convidado. Ele não teve tempo.
    
    Essa vida, às vezes,  é bem mediocrezinha.

    Até um dia, meu amigo.Nessa calma cristalina eu te encontro qualquer dia. A gente se encontra.     Não mais no amarelo de um sol nem na cerveja de um bar.
        
    Juro que gostaria de ser poeta pra explicar isso melhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário