Assim como outras cidades, Ubá conserva o hábito de atribuir a uns poucos a construção da sua história. Esses poucos são cultuados e perpetuados nos logradouros e nos livros como verdadeiros autores dos acontecimentos mais importantes destas bandas do Xopotó. Essa visão estreita esquece as transformações naturais de uma sociedade e a participação da massa anônima que não aparece nas placas de rua nas esquinas da cidade. Mas para percebermos isso temos que tentar uma viagem que ajudará a entender melhor as paisagens que observamos na terra da manga e do Aymorés.
Se prestarmos atenção nas pessoas - e nas histórias das pessoas - vamos perceber que a organização do espaço é resultado de uma série de fatores - históricos, sociais, econômicos, culturais e até naturais. Para entendermos o que aconteceu à nossa volta, é necessário o conhecimento e a análise de fatos e ações que aconteceram no passado e sobre os quais foram se somando e sucedendo novos fatos e novas ações. Anônimas ações em sua maioria. Preste atenção: quando os primeiros exploradores aqui se aventuraram, defrontaram-se duas visões de mundo completamente opostas: a selvageria e a civilização.
Aos olhos dos destemidos novos bandeirantes da Mata mineira, os pobres puris eram “vadios”, não produziam nada de valor comercial. Na visão dos indígenas, os esquisitos e fedorentos aventureiros possuíam objetos de valor, principalmente ferramentas.
Ubá viveu toda essa grande contradição: de um lado, a capacidade de integrar raças e culturas; de outro, a desigualdade social e a discriminação racial. Só que isso não aparece nos livros nem nas comemorações dos 154 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário