sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Voluntários da Pátria


Lázaro Raymundo Gomes, um maranhense pioneiro da imprensa Ubaense, foi fundador da Gazeta de Ubá, um dos primeiros dessas bandas do Xopotó, em 14 de abril de 1889. A Gazeta, como a maioria dos jornais da época, era um jornal monárquico com jeitão republicano. Assoprava mais que batia, e quando batia pedia licença antes. Lázaro também foi editor dos jornais O Movimento e Folha do Povo, esse último comprado das mãos do major Joaquim de Siqueira pelo  senador Levindo Coelho.

Como Joaquim, Lázaro também era major, e essa patente, assim como as demais patentes da Guarda Nacional da época podiam ser compradas. A de major custava pouco mais de 300 mil reis. Coronel, quase 500. Uma nota. Isso era uma bela fonte de recursos para a Coroa. Enquanto esteve no Brasil, por exemplo, Dom João distribuiu quase 6000 títulos de nobreza. Muito mais que Portugal em 300 anos.
 
Ubá tinha vários oficiais da Guarda Nacional e da Milícia Imperial. Desde o capitão-mór Antônio Januário Carneiro, até o alferes Camilo Soares, passando pelos coronéis Galdino de Faria Alvim, Honório Januário Carneiro, Otaviano da Rocha, pelos majores Tito César e Francisco Siqueira, pelos capitães Teixeira de Abreu, Martins Pacheco, Pedro Batalha e José Barletta.

O coronel mais famoso deles, que não era da milícia nem da Guarda, era o Coronel, do Aymorés, que jogou 16 anos no time principal como zagueiro de área. Domiciano Carneiro Filho, ou Coronel, era filho de Domiciano Carneiro, o Nenêm Carneiro, e de  Maria Camila Carneiro. Esse apelido foi talvez a única herança deixada por seu avô, coronel da Guarda Nacional, Domiciano Ferreira de Sá e Castro, um dos mais poderosos fazendeiros de café da região. Rico e influente, vivia em um casarão que ocupava, em Ubá, a área atual do Colégio Sagrado Coração de Maria e da prefeitura.

Esses “militares” não eram soldados. Soldados eram os da Tropa Regular ou de Primeira Linha, como era mais conhecida. Soldado recebia soldo, farda, armamento, cavalo e assistência hospitalar. As tropas auxiliares ou de milícias -  coronéis, majores e tenentes que estão nas placas de ruas de Ubá - , formavam uma segunda categoria.

Na milícia, depois de capitão-mór, o mais alto posto era o de coronel, seguido de tenente-coronel. Somente estes oficiais recebiam Carta Patente, ou seja, além de pagar, eram nomeados pelo governador. Para formar os corpos auxiliares era necessário alistar os moradores. Era comum, em caso de conflitos como a Guerra do Paraguai, a Farroupilha e a Revolução de 1842, a “convocação” forçada de soldados nas praças, de preferência na saída das missas. Vem daí a profusão de praças e ruas no Brasil com o nome de Voluntários da Pátria. 

Teve muita família de Ubá que deixou de ir à missa...

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