quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Festivais de Cultura






Um velho e louco poeta carioca chamado Zé Marcelo, amigo e parceiro calejado nas descobertas do certo e do errado, do bonito e do feio, sempre repetia, principalmente naquela fase colóide entre o 12º e 18º chope, que “cultura é tudo aquilo que te toca ou se toca”.
Não deve ser verdade, uma vez que o Zé não é velho nem carioca. Mas o cara entende de música. Foi criado entre tamborins e tamboretes; entre violões e variações; entre claves de sol e inclinações musicais. E o cara sempre teve bom gosto (com música e com amigos, graças a Deus!)

Mas o Zé dizia – e isso era o que ele mais fazia - que quando falamos em cultura, temos que pensar em um espaço para realização da cidadania, mais ainda, como ferramenta de superação da exclusão social, seja pelo reforço da auto-estima, ou no potencial de inclusão sócio-econômica que só as manifestações artísticas-culturais têm.

Mas ao longo destes pouco mais de 150 anos, o poder público ubaense restringiu sua ação no campo cultural quase que exclusivamente como promotor de eventos e distribuidor de incentivos fiscais. Abdicamos do papel de promover políticas de fomento cultural ou mesmo da industria cultural, nos campos da música e das artes. Essa realidade começa a ser diferente. Começamos a usar e abusar do espírito público, tão comum a nossa gente e mudar o rumo do bonde da história, afinal os festivais de música voltaram!

E ainda tem gente que acha que não existia mais espaço para festivais nos moldes do FUMP. Gente que acha que a indústria cultural - comprometida com formadores de opinião da ordem de Huck e Faustão - acabou com a beleza da MPB.  Mas o festival voltou.  E trouxe letras que fizeram um convite ao desfrute. Doses generosas de Dusek  e João Bosco, pitadas de Toquinho e Almir Sater. Influencias de Oswaldo Montenegro tocando no clube da esquina.

Meu amigo Zé Marcelo  - sempre que está tocando -  chora. Acho que de raiva. Ou de saudade. Ou dos dois. Saudade por que ele sempre canta músicas de festivais; Raiva pelo mesmo motivo: saudade dos festivais que faziam a minha cabeça. Festivais de cultura, de contra-cultura, de torcida, celeiro de bambas. Mas agora, menos mal, temos nosso festival. E já na terceira edição. O clima de “onde se vai uma canção vai atrás” estará de volta, em novembro. Que venha!

Um comentário:

  1. "Meu amigo Zé Marcelo - sempre que está tocando - chora. Acho que de raiva. Ou de saudade. Ou dos dois." é isso o que torna a arte nobre.

    abraço.

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